Professora da UFBA é chamada de 'vadia' por estudante em reunião da faculdade de Direito
16/10/2025
(Foto: Reprodução) Professora da UFBA é chamada de 'vadia' por estudante em reunião da faculdade de Direito
Arquivo pessoal
Uma professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, foi chamada de "vadia" por um aluno da instituição, durante uma reunião para discutir as eleições na faculdade. Juliana Damasceno é vice-coordenadora do curso de direito da faculdade e substituía um colega no encontro, quando foi ofendida pelo estudante Pedro Maciel São Paulo Paixão, presidente do Centro Acadêmico Ruy Barbosa (CARB), entidade representativa dos discentes.
O caso aconteceu no último dia 6 de outubro e a reunião era uma consulta prévia para discutir questões legais em torno das eleições da instituição de ensino. Em imagens do momento, é possível ver que a professora está falando quando é interrompida por uma voz que a chama três vezes de "vadia".
Em nota, a professora de Direito Penal afirmou que a conduta do jovem foi criminosa e praticada em um espaço público onde exercia uma função legal enquanto servidora. Ela afirma que o estudante foi misógino e que as ofensas "gravíssimas" negam a legitimidade da presença feminina em posições de representação.
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"As gravíssimas ofensas estão carregadas do ranço da cultura patriarcal que nega a legitimidade da presença feminina em posições de representação e hostilizam, simbolicamente, todas as mulheres que lutam por reconhecimento, respeito e igualdade dentro da academia, do serviço público e nos próprios caminhos da sua existência", disse.
Por meio das redes sociais, o CARB, instituição com importante papel político na universidade, lamentou a repercussão do caso em uma nota assinada em parceria com Pedro Maciel. Para a instituição, o ato "não ocorreu da forma como vem sendo difundido", apontando que a "verdade dos fatos seja estabelecida com responsabilidade".
"Em um momento de desatenção e estressem com o microfone aberto por descuido, [o estudante] reagiu a um colega próximo. A expressão, embora inadequada, não integrou, em nennhum momento, qualquer ataque à docent ou a qualquer outra mulher", argumenta.
O caso repercutiu nas redes sociais e uma série de instituições se manifestaram contra a fala do estudante. Em nota, a Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Seção Bahia, a Faculdade de Direito da UFBA e o Centro de Pesquisa BRICS+ se manifestaram em solidariedade à professora.
Os técnicos-administrativos da Faculdade de Direito da UFBA também repudiaram a atitude do representante discente e solicitaram que as instâncias competentes apurem o caso. Ao g1, Juliana Damasceno afirmou que tomará todas as providências cabíveis para garantir seus direitos constitucionais.
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"Acredito que a luta contra toda e qualquer forma de discriminação não pode ser ensimesmada, mas dever de toda a sociedade civil", disse ela.
O g1 entrou em contato com a UFBA para entender se o caso está sendo apurado pela instituição, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
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